sábado, 7 de junho de 2008

Descobridor de Cores

Um dia eu descobri as cores… Descobri como elas se formam e de onde vêm. Mas é segredo… Queres que te conte? Está bem, não respondas, mas eu vou contar-te.À primeira eu dei o nome de vermelho. Sabes de onde ela vem? Do sangue. Quando eu estava a jogar à bola na escola, eu caí. Passado um pouco, estava a sair uma mancha de cor que arde nos olhos, era muito “escaldada”. Aquela cor só a vi uma vez, numa cereja, a única que ganhou cor. Guardei-a. O tio disse que poderia ser mágica. Tu já viste? Até o morango, que tem forma bonitinha e direitinha, só tem cor quando tu o cortas?! E mesmo assim, não é aquele vermelho como o daquela mancha que saía da minha perna. Se calhar eu “sou magia”. Porque tenho o sangue vermelho.
Depois, quando estava a brincar no jardim, arranquei um pouco de erva, que queria levar para as cabras do meu tio, lá na aldeia. Quando lá cheguei, e lavei as ervas, sabes o que aconteceu? Elas talvez ficassem limpas, e ganharam cor… Dei o nome de verde, àquela mancha na erva. Era uma cor… Era forte, mas não era como a outra, esta acalmava, não sei porquê, mas fazia lembrar os olhos da tia Adelina, quando olhava para a Joca e dizia “um dia eu tenho esperança que tu sejas uma doutora na cidade…”. Ainda pensei em dar-lhe o nome de esperança, mas fui fazendo “um, dó, li, tá…” e calharam essas letras.
Eu sou mesmo um descobridor, não achas? Pronto, eu sei… Vais continuar sem responder…
Sabes, também descobri outra. Era simples, quentinha, vá, morna, era muito clara, parecia dissolvida no copo de água, porque foi assim que a descobri. Eu estava a encher o copo de água ao pé da janela e quando voltei a encher o copo e o ergui, vi um rasgar de mancha colorida. Como sou “descobridor e sabedor”, eu vi aquilo uns minutos, e reparei que a cor vinha do sol. Sabes, se calhar as cores calmas têm que ser lavadas para serem vistas, porque só dá para ver o amarelo, foi como chamei a esta, com o copo de água. O sol é amarelo. Mas eu acho que já tinha visto essa cor nas asas da borboleta que voa à janela do meu quarto. Talvez ela tenha ido até ao sol buscar a cor. Tenho que pedir-lhe que me traga alguma. Tu também queres? Bolas, parece que estás chateado, podias ao menos dizer que não… Mas vá, a outra que descobri foi mais linda que qualquer uma. Foi no sótão aqui da tua casa, avô… No dia em que a avó adormeceu aqui no banco, quando me ia contar a história do mundo. Ela não voltou mais, mas não faz mal, eu conto-te agora histórias. Mas vá, eu fui até lá acima, procurar por ela, vi o grande baú que tinhas lá, e estava lá aquele carrossel. Quando peguei nele, ele ganhou cor, avô! Lembro-me que, olha, tinha uns cavalos como os do tio, verdinhos sobre um chão amarelo, tinha uma pequena capota como a do carrossel da cidade, aos triângulos, ora tinha um vermelho, outro amarelo, outro verde e tinha outro a que eu chamei azul, porque tinha a cor dos olhos da avó, depois de adormecer com eles abertos. Era grande, sabes? Parecia infinito, como a avó chama ao mar. Eu voltei a guardar o carrossel, porque o pai me chamou… Mas posso ir buscá-lo?
-Vai… Vai lá buscar… O carrossel… - disse o avô, a custo…
Quando voltei e dei à corda “o carrossel”, os olhos do meu avô tomaram cor, depois os meus, e as cores começaram a espalhar-se por todo o lado. Tudo começou a ficar colorido. Eu descobri as cores quando era pequeno, eu sou magia, e sou cor…

5 comentários:

CátiaSofia disse...

Prontos...
Não sei que disser juru.
Tou simplesmente sem palavras!
Opa! Juru supreendeste-me o texto está mesmo 5estreas, quer dizer mais uma data de estrelas.
Juru amei o texto. Desejo-te muita sorte e espero bem que algém abar os olhos e aposte em ti, tu mereces porque este texto está mesmo muito lindo...
Blá! Blá!
E tou eu para aqui a falar, sempre a falar, nunca mais me calo... e desculpa o comentário estar estúpido mas é que adorei muito, quer dizer amei mesmo muito teu texto...
Fofinha...
Boa sorte...
Eu tenho esperança que vais conseguir...
BjZzzz

Coragem disse...

Menina Sónia Figueiredo, estou extasiada, perante as suas cores...

Todas elas são lindas e descritas de uma forma unica...

Os meus sinceros parabéns e que alguem a descubra, a si e às cores maravilhosas com que pinta os seus textos

Beijo

PjConde-Paulino disse...

Sonia:
Achei o conto na viagem das cores exemplarmente bem imaginado e escrito.

beijo do pj

Anónimo disse...

Aiaiaiai...
Minha mana tem estilo...
Não te conhecia esta veia de contadora de contos...muito bem gostei mt.

Beijao mana

Anónimo disse...

Aiaiaiai...
Minha mana tem estilo...
Não te conhecia esta veia de contadora de contos...muito bem gostei mt.

Beijao mana