tag:blogger.com,1999:blog-20536876510455039442024-02-08T18:45:51.026+00:00Momento do ContoContos infantis...Sónia Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/03198531408661418917noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-2053687651045503944.post-85309321462811840562008-07-01T12:34:00.004+01:002008-07-01T15:32:27.801+01:00Visitas Mágicas<div align="justify">-Mamã! Mamã! Caiu um dente!<br />E vai Pedrito correndo pela sala, gritando de dente na mão. Um dia, vira um menino sem dentes e achou muito feio, mas a sua mãe disse-lhe que os dentes de leite iriam cair, mas depois voltariam a nascer uns novos e fortes. Contou-lhe que, desde há muito tempo, existe uma fadinha, a Fada-dos-dentes, e que sempre que caía um dente aos meninos, eles deixavam o dente debaixo da almofada, a fada vinha de noite e trocava o dente por um presente. Pedrito empolgado encontra a mãe.<br />-Mamã! Quero que chegue a noite. Vou pedir um presente à Fada-dos-dentes! Olha, caiu-me um!<br />-Calma, Pedro. Vamos jantar agora, depois vestes o pijama, lavas os dentes e vais deixar o teu dente para a Fada, então…<br />Entretanto, chega o irmão mais velho de Pedrito, que apanha a conversa a meio.<br />-Oh Pedrito! Tu acreditas na Fada-dos-dentes, também? – Diz-lhe ele com um ar espantado. Ricardo sempre foi um menino que acreditava na magia, e no mundo mágico. Já tinha dezasseis anos, mas continuava a crer nisso.<br />-Sim, mano! A Fada-dos-dentes vai dar-me um presente! O meu dente caiu!<br />-Uau! Olha, queres que te conte uma história? Do meu primeiro dente que caiu?<br />-Sim! Quero muito! Conta-me, mano…<br />Sentaram-se ambos no sofá, depois de jantar, e Ricardo começou…<br />-A mãe, um dia, contou-me que existia a Fada-dos-dentes. Eu não acreditava. O mano tinha a mania que os mundos mágicos não existiam. Até que ela disse para eu deixar mesmo o meu dente debaixo da almofada, que logo a fada vinha trocar o dente por um presente. Eu era teimoso e queria provar á mãe que não havia fada nenhuma, por isso, deixei o dente debaixo da almofada. Adormeci, e no dia seguinte levantei-me e não estava dente nenhum debaixo da almofada, sabes o que estava? Um saquinho de moedas de chocolate. Não queria acreditar. Desde esse dia que estava sempre à espera que caísse outro dente, para ficar acordado e ver quem trocava os meus dentes por moedas de chocolate. Umas semanas depois, caiu outro dente. Pu-lo debaixo da almofada, e deixei-me ficar acordado. A janela estava aberta, quando vejo uma luzinha na minha direcção. Fechei os olhos e fiz de conta que estava a dormir. Ouvi uma voz pequenina e fininha resmungar e, quando a senti debaixo da almofada, levantei-a e apanhei a fada com um copo. Larguei logo. Podia sufocá-la e estava muito espantado.<br />-Oh, menino! O que fazes tu acordado, ainda?<br />-Não acredito! És mesmo uma fada!<br />-Pois claro que sou! – Diz-lhe ela sacudindo as asas. – E dos dentes!<br />Eu toquei-lhe com muito cuidado e ela era real! Conversámos muito! Até o amanhecer. Ela tornou-se minha amiga e vinha todas as noites dar-me um pozinho de soninho bom. Mas um dia, já tinha os dentes todos fortes e ela foi despedir-se de mim. Chorámos muito. Eu não queria que ela não aparecesse mais, mas ela prometeu que um dia voltaria. E olha o que me deu: um fio, esta moeda é da sorte, é mágica! Anda sempre comigo. E pronto. Nunca mais vi a minha Fada.<br />Pedrito escutava o irmão, extasiado.<br />-Uau! Mano! Eu vou conversar também com a tua fada! Posso?<br />-Sim, vamos esperar por ela esta noite, boa?<br />-Sim! Sim! Sim!<br />Pedrito estava mesmo entusiasmado com tudo aquilo.<br />Deitaram-se. Ricardo dormiu com Pedrito. Fingiram que dormiam quando viram a luz.<br />-Shiuu! Fecha os olhos. – sussurra Ricardo.<br />Ricardo ouve a voz que lhe era familiar, e dá um pulo.<br />-Fadinha! És tu!<br />-Ah! Quase morria de susto! – grita a fadinha ofegante.<br />Pedrito, espantado, toca-a.<br />-És mesmo real! O mano tem razão.<br />-Sim! Esperavas outra coisa? Vocês são mesmo irmãos. – diz ela em tons de graça, na direcção do Ricardo, para lhe lançar uns pozinhos. – Tinha saudades tuas, já! – diz-lhe, enquanto liberta também pozinhos sobre Pedrito.<br />Ficaram toda a noite a falar e, desde então, a fada voltou a visitar Ricardo, porque vinha também ver Pedrito.<br />Porque os pequeninos, podem receber visitas mágicas…<br /></div>Sónia Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/03198531408661418917noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2053687651045503944.post-39097448087423086062008-06-10T21:23:00.002+01:002008-06-10T22:46:22.073+01:00Estrela Lia<div align="justify"> Pequenina, pequenina, a menina dizia-se não ser. Era tudo simples, ela não era.<br /> Para si, a existência era não ser nada, e ser tudo. Era ser a magia de uma história.<br /> E tudo começa quando um dia, num sítio muito longe, de onde vêm as estrelas, o senhor que as fazia, deixou cair sobre uma das suas filhas a poção mágica. Era a mais pequena, tinha nascido há poucos dias. A poção dava às estrelas a capacidade de viver na eternidade do céu, que é como quem diz, viver no tudo, assim de uma forma “para sempre”…<br /> A menina foi crescendo, ganhando hábitos diferentes. A ligação dela às estrelas separava-se pela terra grande. Os pais chamavam-na Lia, mas ela não gostava...<br /> -Não me chamo isso! Já disse! – dizia em tom irritado.<br /> Nada havia a fazer, Lia queria ser nada, e tudo.<br /> Falava muito com as flores.<br /> -Eu sou também uma flor sabiam? – dizia ela às flores do seu quintal sussurrando.<br /> E querem saber um segredo? As flores respondiam-lhe. Falavam mesmo com Lia.<br /> Todos a achavam louca, mas na verdade, Lia era uma estrela do céu, incompleta e incompreendida, porque Lia tinha na ponta dos dedos magia. Bastava fechar os olhos e desejar com uma força grande, para que as coisas à sua volta ganhassem a magia e pudessem conversar com ela.<br /> Lia sentia que não pertencia àquele mundo, e a mãe chorava muito à noite. Pedia ao Senhor da Magia que lhe desse a sua filhinha, pedia que Lia não quisesse ir embora para as estrelas e que deixasse de ser louca, por falar com tudo. Na escola, não tinha amigos. Ninguém gostava de Lia, porque ela dizia não ser nem Lia nem ninguém.<br /> -Lia, podes dizer-me que letra vem depois do C? – perguntou-lhe um dia a professora.<br /> -O meu nome não é Lia, professora… - disse Lia em tom entristecido.<br /> -Então qual é?<br /> -É nada, professora, eu sou nada, e sou tudo. Se vir lá fora nas flores, eu sou elas, e à noite, eu sou do infinito para sempre…<br /> Lia explicava imensas vezes isto a quem a chamava assim. Até que um dia o pai de Lia se cansou de ter uma filha ninguém… O pai levou Lia para a casita fechada há muito, muito tempo, e mostrou-lhe todas as ferramentas e poções mágicas. Começou…<br /> -Sabes filha, tu na verdade, não és nada. Tu és uma estrela onde falta um pouco de magia e luz. Quando nasceste eu trazia-te para aqui. Eu era fabricador de estrelas, e quando ia a deitar o pó a uma estrela, entrou um pássaro pela janela que me assustou, e acabei por deixar cair o pó sobre ti. Desde então que tu vives no infinito de para sempre. Mas se tu quiseres, eu deixo-te ir esta noite como estrela. Derramo sobre ti os pós e a luz, e tu vais ser o que és na verdade.<br /> Lia escutava maravilhada, de lágrima ao canto do olho.<br /> -Sim, papá. Eu quero ser estrela!<br /> E nessa noite, Lia, sentada sobre a bancada empoeirada, recebeu sobre os cabelos os pós mágicos, depois a luz.<br /> E minutos depois, está ali, no céu, a estrela muito brilhante, vês? A estrela Lia.<br /><br /></div>Sónia Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/03198531408661418917noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2053687651045503944.post-72262163588602329452008-06-08T21:33:00.002+01:002008-06-08T21:35:49.568+01:00Mundo de linhas<div align="justify"> Era ainda linha a menina, um retalho da linha dos progenitores, tinha muito que caminhar, muito que crescer e descobrir. Arranjava teorias e conceitos muito seus, dizia que a lua era também uma linha que formara um circulo perfeito, e que às vezes, triste, deixava uma parte da linha coberta de lágrimas, e que por isso, não se via bem.<br /> A pequena dizia que as coisas poderiam todas ser feitas de linhas, desenhava meninos de linhas, sóis de linhas, porque, para si, as linhas podiam sempre ter remendos, logo, o que nos faltasse, poderíamos sempre dar um nó e acrescentar mais.<br /> Certo dia, brincava no jardim com a sua corda, e fez um círculo. Sentou-se dentro dele e ali ficou horas. A menina olhava com ar muito espantado dali de dentro e os seus pais olhavam-na na janela e acharam estranho. Viam a menina a falar sozinha.<br /> -O que se passa, Catarina? – Diz-lhe a mãe, com ar de espanto, quando se aproxima e vê a menina a andar aos círculos e a olhar e falar para lado nenhum.<br />Por instinto, a mãe tira a corda do chão, desfez o círculo da menina, e ela fica pasmada.<br /> -Mãe?! Porque fizeste isso? Eu descobri um mundo!<br /> -Tu estás doida?! Vai para casa, que está a anoitecer!<br /> -Mas… - a mãe já tinha virado costas, e a pequena queria muito contar-lhe aquilo que via dentro daquele círculo.<br /> No dia seguinte, recebia a visita da avó Linha. Era assim que ela lhe chamava, era a avó que lhe ensinava tudo sobre as pessoas que eram feitas de linhas. Mas a avó já era círculo. Já era tão sabida, que retalho de linha nenhuma lhe podia ser atado.<br /> -Avó Linha, sabias, a corda que me deste é mágica!<br /> -Pequenina, a corda é um mundo, se lhe deres um nó e a colocares num círculo. Fizeste-o, não foi?<br /> -Sim… E conheci uma fadinha pequena… A mãe diz que estou maluca. Mas não estou, pois não?<br /> -Não, meu anjinho… É tudo real, mas é segredo. A magia do círculo é um segredo. Porque se alguém o torna em simples linha, ele perde a magia. Cria o círculo no teu quarto, lá é mais seguro.<br />E nessa noite a pequena criou o círculo, entrou nele e lá estava tudo. Lá estava o riacho, a água tão cristalina, que se notavam as linhas de que ela era formada, a relva, pequenas linhas na vertical, todas elas dançantes das linhas quase transparentes do vento que soprava.<br /> -Olá, voltaste… - sopra-lhe uma voz fininha ao ouvido.<br /> -Sim. E tu estás aqui… - faltavam-lhe as palavras. Era o mundo perfeito, aquele. Mas quando ela pega numa das linhas, que corriam de água, ela solta-se… Aí não era círculo. Ainda não era perfeição, no auge. Então, a menina começa dando nós. Atando tudo quanto era linha solta. E quando repara em si, puxa do pé a ponta de uma linha. E nota, que no cabelo, outra linha solta. Puxa-as de modo a que se tocassem, e deu o nó. Também a menina era círculo, também ela era um mundo. Um mundo de mundos circulares.<br /><br /></div>Sónia Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/03198531408661418917noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-2053687651045503944.post-16196390611610715092008-06-07T20:13:00.000+01:002008-06-07T20:15:36.018+01:00Descobridor de Cores<div align="justify"> Um dia eu descobri as cores… Descobri como elas se formam e de onde vêm. Mas é segredo… Queres que te conte? Está bem, não respondas, mas eu vou contar-te.À primeira eu dei o nome de vermelho. Sabes de onde ela vem? Do sangue. Quando eu estava a jogar à bola na escola, eu caí. Passado um pouco, estava a sair uma mancha de cor que arde nos olhos, era muito “escaldada”. Aquela cor só a vi uma vez, numa cereja, a única que ganhou cor. Guardei-a. O tio disse que poderia ser mágica. Tu já viste? Até o morango, que tem forma bonitinha e direitinha, só tem cor quando tu o cortas?! E mesmo assim, não é aquele vermelho como o daquela mancha que saía da minha perna. Se calhar eu “sou magia”. Porque tenho o sangue vermelho.<br /> Depois, quando estava a brincar no jardim, arranquei um pouco de erva, que queria levar para as cabras do meu tio, lá na aldeia. Quando lá cheguei, e lavei as ervas, sabes o que aconteceu? Elas talvez ficassem limpas, e ganharam cor… Dei o nome de verde, àquela mancha na erva. Era uma cor… Era forte, mas não era como a outra, esta acalmava, não sei porquê, mas fazia lembrar os olhos da tia Adelina, quando olhava para a Joca e dizia “um dia eu tenho esperança que tu sejas uma doutora na cidade…”. Ainda pensei em dar-lhe o nome de esperança, mas fui fazendo “um, dó, li, tá…” e calharam essas letras.<br /> Eu sou mesmo um descobridor, não achas? Pronto, eu sei… Vais continuar sem responder…<br /> Sabes, também descobri outra. Era simples, quentinha, vá, morna, era muito clara, parecia dissolvida no copo de água, porque foi assim que a descobri. Eu estava a encher o copo de água ao pé da janela e quando voltei a encher o copo e o ergui, vi um rasgar de mancha colorida. Como sou “descobridor e sabedor”, eu vi aquilo uns minutos, e reparei que a cor vinha do sol. Sabes, se calhar as cores calmas têm que ser lavadas para serem vistas, porque só dá para ver o amarelo, foi como chamei a esta, com o copo de água. O sol é amarelo. Mas eu acho que já tinha visto essa cor nas asas da borboleta que voa à janela do meu quarto. Talvez ela tenha ido até ao sol buscar a cor. Tenho que pedir-lhe que me traga alguma. Tu também queres? Bolas, parece que estás chateado, podias ao menos dizer que não… Mas vá, a outra que descobri foi mais linda que qualquer uma. Foi no sótão aqui da tua casa, avô… No dia em que a avó adormeceu aqui no banco, quando me ia contar a história do mundo. Ela não voltou mais, mas não faz mal, eu conto-te agora histórias. Mas vá, eu fui até lá acima, procurar por ela, vi o grande baú que tinhas lá, e estava lá aquele carrossel. Quando peguei nele, ele ganhou cor, avô! Lembro-me que, olha, tinha uns cavalos como os do tio, verdinhos sobre um chão amarelo, tinha uma pequena capota como a do carrossel da cidade, aos triângulos, ora tinha um vermelho, outro amarelo, outro verde e tinha outro a que eu chamei azul, porque tinha a cor dos olhos da avó, depois de adormecer com eles abertos. Era grande, sabes? Parecia infinito, como a avó chama ao mar. Eu voltei a guardar o carrossel, porque o pai me chamou… Mas posso ir buscá-lo?<br /> -Vai… Vai lá buscar… O carrossel… - disse o avô, a custo…<br /> Quando voltei e dei à corda “o carrossel”, os olhos do meu avô tomaram cor, depois os meus, e as cores começaram a espalhar-se por todo o lado. Tudo começou a ficar colorido. Eu descobri as cores quando era pequeno, eu sou magia, e sou cor…</div>Sónia Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/03198531408661418917noreply@blogger.com5